sexta-feira, 15 de maio de 2009

PerCurso "No Tempo em que o Futebol Andava de Trem "

(realizado em 09 de maio de 2009)

Início do século XX. No Oeste de Fortaleza várias indústrias se instalam em busca de mão-de-obra barata. A região se povoa de operários e é na Estrada do Urubu, hoje Av. Francisco Sá, que funcionários da Rede de Viação Cearense, compelidos a prestar horas extra noturnas resolvem aproveitar o "intervalo forçado" entre um turno e outro para praticarem o foot-ball. A pelada dava dois times - Matapastos e Jurubeba – que depois formaram o Ferroviário Atlético Clube. O time operário tornou-se preferência óbvia entre militantes de esquerda e esse simbolismo chegou a eleger um vereador pelo Partido Comunista, logo caçado pelo golpe do Estado Novo. Neste percurso, realizado no dia em que o mais proletário dos clubes de Fortaleza completou 76 anos., descobrimos que operários praticavam futebol no Passeio Público já no início doséculo XX. Além do Passeio, fizemos uma parada em frente à CFN, local onde outrora estava a Oficina do Urubu da extinta RVC - Rede Viação Cearense . Foram os ferroviários dessa oficina que organizaramos times suburbanos que deram origem aoFerroviário Atlético Clube.
Dessa vez contamos com dois mediadores: Airton de Farias, historiador, autor de FERROVIÁRIO: Nos Trilhos da Vitória e o Evandro Ferreira Gomes, diretor de comunicação e pesquisador da história do Ferroviário Atlético Clube. Mas tivemos tambéma participação de dois convidados especiais que puderam enriquecer bastante nossa pequena incursão pelo mundo do futebol operário: o historiador Rodrigo Pinto, autor de uma pesquisa defendida no Mestrado em História Social da UFC, que enfocou o futebol operário, do Passeio Público ao Ferroviário e do jovem sociólogo Leonardo Carneiro, membro da Ultras Resistência Coral, torcida sui-generis que leva aos estádios bandeiras anti-homofóbicas, anti-machistas, contra a violência entre torcedores e em protesto às desigualdades sociais.

Um percurso em que se discutiu do futebol à política e que certamente contribuiu para entendermos um pouco mais as complexas relações que uma cidade produz...

O Passeio Público, em seu plano mais inferior, foi utilizado por trabalhadores portuários para a prática de futebol já em 1904. Na foto, Vicente Neto, produtor do Percursos Urbanos; Rodrigo Márcio Pinto, mestre em história Social e pesquisador do futebol proletário em Fortaleza e Airton de Farias, historiador autor de "Ferroviário: nos trilhos da vitória"


O público faz perguntas aos mediadores e convidados sobre o lazer proletário em Fortaleza




Neste roteiro visitamos o Passeio Público, paramos em frente à antiga oficina da Rede Viação Cearense na Estrada do Urubu (hoje Av. Francisco Sá) e conhecemos as instalações do Ferroviário



Evandro Ferreira Gomes, diretor de comunicação do Ferroviário está organizando um almanaque sobre a história do clube, a ser lançado quando de seus 80 anos em 2013. Falou bastante sobre Valdemar Caracas, fundador do clube e mito (vivo aos 101 anos!) do clube. Após fundar o clube operário em 1933 o socialista Caracas chegou a ser eleito vereador, sendo caçado pelo Estado Novo em 1937.


De vermelho e gesticulando, Leonardo Carneiro, mestrando em sociologia e membro da peculiar torcida "Ultras Resistência Coral". "Muita gente simpatiza com o time por causa da torcida", diz Leonardo.



A torcida se identifica com o passado operário do clube e leva aos estádios além das bandeiras e faixas de apoio ao time, palavras de ordem contra as desigualdades sociais ou contra realidades bem presentes nas arquibancadas: o machismo, a homofobia... Clique aqui pra conhecer o hino da torcida




Evandro Ferreira foi quem recebeu o público do Percursos Urbanos na visita à sede do Ferroviário


As estruturas das arquibancadas do Ferroviário Atlético Clube revelam sua origem operária: construída com pedaços de trilhos de ferrovia e tijolos cozidos


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