sábado, 30 de agosto de 2008

PerCurso "Ao Sabor do Vento"

Aproveitando os ventos de agosto, o PerCursos Urbanos convidou neste mês estudantes de várias escolas e projetos sociais para se armar de papel seda, varetas e cola e produzir arraias. O destino dessa produção: o aterro da Praia de Iracema, onde as arraias vararam os céus e enfeitaram as tardes. Poetizar a cidade com o colorido das pipas e a alegria das crianças e adolescentes foi um dos objetivos deste Percurso para grupos Convidados de agosto de 2008.




Quem participou:

Dia 01, sexta, 14h às 17h
Mediadores: Profissionais da ONG Mediação de Saberes
Participantes: Alunos do Projeto Bem Estar Comunitário
Ponto de Saída: Rua Frei Caneca, 299 - Tancredo Neves

Dia 08, sexta, 14h às 17h
Mediadores: Profissionais da ONG Mediação de Saberes
Participantes: Alunos do Projeto Esporte na Comunidade (Guajiru)
Ponto de Saída: Praça do Guajiru s/n, Bairro Jardim das Oliveiras

Dia 14, sexta, 14h às 17h
Mediadores: Profissionais da ONG Mediação de Saberes
Participantes: Alunos do Projeto Alegria da Criança
Ponto de Saída: Av. Nova Alvorada, 416 Jurema

Dia 22, sexta, 14h às 17h
Mediadores: Profissionais da ONG Mediação de Saberes
Participantes: Alunos do Projeto Feliz Jornada

Ponto de Saída: Av Nova Alvorada, 490, Conjunto Marechal Rondon

Dia 27, quarta, 14h às 17h

Mediadores: Profissionais da ONG Mediação de Saberes
Participantes: Alunos do Centro de Desenvolvimento Infantil – CDI
Ponto de Saída: Rua Capitão Aragão, 863 – Aerolândia



PerCurso "Para Receber a Floração"

(realizado em 30 de agosto de 2008)

Sabemos as diferenças entre uma quantidade infinita de objetos, animais e espaços urbanos, mas classificamos milhares de seres de nossa cidade sob o genérico nome de árvores. Nosso olhar cega para os ipês amarelos e vermelhos, não temos idéia de onde saem os flocos que vão pelo ar nos encantando; tampouco sabemos porque o jatobá é tão especial. Nesta tarde de sábado, observamos, identificamos e nos informamos sobre o mundo das árvores acompanhados por duas senhoras, pesquisadoras autodidatas, que prepararam nossos espíritos para a floração em Fortaleza:

Dona Vilani M. Barbosa, apaixonada pela natureza, observadora das plantas e advogada.

Dona Alba Barros, apaixonada pela natureza, observadora das plantas e artesã.


Em breve postaremos as fotos deste percurso

domingo, 24 de agosto de 2008

Percursos Obscuros da Cultura Gótica

(Roteiro do dia 23 de agosto de 2008)

O gótico, também conhecido como dark, é uma cultura pop urbana surgida nos anos 70 na Europa (após o boom do punk) e que hoje possui adeptos em todo o mundo. São artistas e entusiastas dos mais variados, conhecidos por suas roupas e maquiagens negras, adereços “exóticos”, aspecto vampiresco e por sua música soturna, porém dançante. Em Fortaleza esta “tribo urbana” também se faz presente e este percurso tentou decifrar sua ética-estética, calcada basicamente em obscuridade, morbidez e fetichismo – mas com boa dose de sarcasmo e humor negro.

Convidamos para a investigação do tema o Márcio “Mazela” Benevides, comunicólogo, mestrando em Sociologia (ambos pela Universidade Federal do Ceará – UFC) e guitarrista da banda gótica Plastique Noir.


Trajeto realizado neste percurso

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Percurseiros reunidos no auditório do Centro Cultural Banco do Nordeste - Fortaleza. Palestra inicial antes do embarque no ônibus.

Márcio Mazela fala sobre as influências muisicais e literárias dos góticos.



Participantes transitam pelo Cemitério, um dos espaços de circulação da tribo em Fortaleza.


O contraste salta os olhos: o amor à escuridão numa cidade extremamente luminosa

Mazela diz sentir-se à vontade na cidade e não se incomodar em ser rotulado como excêntrico. Mas não gosta da associação entre Cultura Gótica e depressão: "se a morte é uma realidade que aceitei, por que não apreoveitar a vida? Excêntrioco sim, mas não sou deprimido"

Os góticos de Fortaleza têm organizado flash mobs (ações públicas instantâneas) para dar visibilidade à cultura. O último evento foi a passeata dos Zumbis pelo Centro e Praia de Iracema, já este ano (Zombie Walk Fortaleza 2008). Neste percurso, como sugere a foto acima, a visibilidade gótica esteve garantida...

Para Mazela, o Cemitério é lugar de inspiração. Onde devaneios e sentimentos mórbidos transforman-se em poemas e canções.


A Catedadral de Fortaleza demorou quase 40 anos para ser concluída. Mais tempo que a vida de poetas admirados pelos góticos como Rimbaud, Byron e Cruz e Souza...

Porém, são as linhas neo-góticas da arquitetura do templo que encantam os adeptos do dark

Márcio Mazela diz que não costuma entrar em igrejas: "o que atrai aqui é a estética, não a filosofia da religião. Prefiro acreditar no meu poder a tranferi-lo a algo que supostamente existe", discursa o gótico num arroubo nietzscheano.

Percurseiros transitam pelas sombras da igreja com traços neo-góticos ao final da tarde em Fortaleza. Ao fundo, ecoa o som da Banda Plastique Noir.


Percurseiros - Galeria dessa tarde







Última parada do roteiro, o bairro da Praia de Iracema é também o espaço por onde se embrenha essa tribo na noite de Fortaleza

Visita ao Hey Ho Rock Bar, ponto de shows e festas em que a galera dark se encontra

DJ Rafael Lucena, gerente do Hey Ho e produtor da badalada festa das Sombras da Noite, que ganha cada vez mais regularidade no calendário de eventos alternativos da cidade.


Participante relata sua experiência com o Rock desde os anos 80 e narra casos que presenciou envolvendo roqueiros, neo-nazistas, góticos e outras tribos.

18 horas. O encerramento desse percurso não poderia se dar senão com um boa noite a todos e todas que nos acompanharam pelo mundo das trevas que aqui nos parecem tão pop quanto o Papa.

Percurso "Tesouros da Barra"

Tesouros da Barra: Pequena Viagem pelo Rio Ceará
Neste sábado, 16 agosto de 2008, por motivos de força maior tivemos de adiar o roteiro sobre Comunicação Alternativa que ficou para o dia 6 de setembro. Em seu lugar realizamos um percurso parte de ônibus, parte de barco. Foi muito bom ver os participantes discutindo a Barra do Ceará ao fim da atividade.

Atraídos pela notícia de que os portugueses haviam localizado veios de prata na serra de Maranguape os holandeses resolvem subir de Pernambuco em direção ao Siará Grande. Tomam o pequeno forte às margens do rio Ceará, cujo curso utilizam como via de acesso às supostas riquezas. Neste percurso, refizemos parte desse trajeto de barco: não em busca do cobiçado metal, mas com os olhos atentos para perceber a rica biodiversidade do manguezal da Barra do Ceará, que foi apresentado por uma moradora da região, após uma aula de história às margens do velho rio.

Mediadores: Maria Tabosa, moradora da Barra do Ceará e profissionais da Mediação de Saberes


Mapa de trajeto realizado neste roteiro


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Embarque em frente ao restaurante Albertus. Antes, no entanto, o ônibus com os participantes havia parado diante do morro de São Tiago para breve explanação a cerca da presença estrangeira na região durante o século XVII.

Participantes tomam seus lugares enquanto Maria Tabosa se prepara para nos conduzir pelo curso do rio que conhece desde a infância.

Durante as invasões holandesas no Ceará (séc. XVII), o curso do rio Ceará foi utilizado como via de acesso para a Serra de Maranguape (Itarema) onde aqueles esperavam encontrar metais preciosos em abundância.





Quando chegaram ao Ceará, em 1637, encontraram à margem esquerda do rio uma pequena fortificação portuguesa. Frágil e sem recursos bélicos para fazer frente a investida inimiga, o então Forte de São Sebastião foi facilmente dominado.





O pintor holandês Franz Post é o autor dos primeiros registros conhecidos do território que hoje compreende o município de Fortaleza. é um retrato do forte tomado por seus compatriotas às margens do rio Ceará.







O Capitão Matias Beck, entretanto achou melhor lugar para a construção de nova fortificação (Schoonenborch, às margens do Pajeú) e a região logo foi abandonada. O Historiador Raimundo Girão defende a tese ainda bastante aceita de que o núcelo de povoamento formado na barra do rio Ceará não teve continuidade histórica. Fortaleza não teria aí o seu berço, segundo Girão.




Ataualmente a Barra do Ceará é um das regiões mais populosas da cidade de Fortaleza. Problemas urbanísticos, sanitários, ambientais e socio-econômicos acomopanham o lugar há tempos. Ainda assim é um lugar belíssimo. Na imagem ao lado, embarcações atracadas no velho estaleiro.






De acordo com Maria Tabosa, operaram na Região duas Companhias Aéreas: a Condor e a Panair. Seus aviões desciam no rio e atracavam em um hidroporto (foto).







Maria Tabosa ganha a vida fazendo travessias de uma margem a outra do rio e passeios pelo seu curso mangue a dentro. Lamenta a construção da ponte que fez declinar o negócio dos barqueiros.

A prata tão desejada pelos estrangeiros invasores não seria encontrada também nesse percurso. No entanto a riqueza ambiental do lugar conferiu brilho especial aos olhos dos participantes.

Nosso timoneiro faz pose e explica que a embarcação possui 5 marchas.

Ao longo dos anos Maria Tabosa fez cursos, conviveu com ambientalistas e biólogos que passaram pela região e adquiriu vários conhecimentos sobre a fauna e a flora do manguezal.

A maior parte dos cidadãos fortalezanses presentes a este roteiro estava visitando a Barra do Ceará pela primeira vez ou revisitando-a depois de muitos anos. O medo da violência urbana foi a explicação consensual. O Percursos Urbanos mais uma vez promoveu a aproximação das pessoas aos espaços da cidade.





Já próximos à BR 222, a vegetação enchia os olhos.









As raízes aéras do mangue-branco (
laguncularia racemosa).










O clima ameno do fim-de-tarde também contribuiu para um sabor especial a este percurso.








A vida se apresentava pulsante através dos aratus (goniopsis cruentata)
subindo e descendo as raízes e troncos do mangue...








... ou das vôo das garças que muitas vezes atravessava o caminho do barco.









Vicente Neto, historiador e produtor do Percursos Urbanos foi o mediador da primeira parte deste percurso.

As três últimas imagens são da comunidade dos Índios Tapeba. Vivem basicamente do artesanato e da pesca.







O mangue-branco.









Vista das ruína do hidroporto.








O Percurso chegando ao final...











Percurseiros depedem-se.










Logo após o desembarque percurseiros fazem ainda perguntas aos mediadores para em seguida retornar ao ônibus e ao Centro Cultural Banco do Nordeste.







Participantes percorrem de barco o rio Ceará e fazem perguntas sobre a região.

Clique para ver os vídeos.