domingo, 17 de maio de 2009

PerCurso "Uma Fortaleza Kitsch"

(realizado em 16 de maio de 2009)
A chamada "pós-modernidade" traz à cena do pensamento sociológico e filosófico a experiência do kitsch. A cultura do mau-gosto, do exagero, da imitação barata - em suma, do culto à aparência desprovida de conteúdo, é bastante antigo. O kitsch, dizendo de forma simples, é aquilo que podemos ter daquilo que não podemos ser... No PerCurso deste Sábado, observamos diferentes manifestações do brega-kitsch em nossa arquitetura e espaço urbano. Procuramos compreender o que torna esse fenômeno tão peculiar à nossa cidade que antecipara em muito o que só depois a civilização ocidental viria a conhecer (com a licença do exagero, evidentemente..).

O mediador da vez foi o Gustavo Costa, arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal do Ceará, bacharel em filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e mestrando em filosofia pela Universidade Federal do Ceará.

Uma catedral descontextualizada, desproporcional é no entender de Gustavo Costa um exemplo emblemático do Kitsch na cidade: "Parece - não é - mas tá valendo!". Ao invés de pedras, concreto armado, arcos (quase) ogivais... um estilo do século XIV que se tentou reproduzir - do jeito que deu - em meados do século XX... A Catedral de Forteleza anterior, mais simples porém melhor adaptada ao seu contexto espacial, foi demolida em 1938. Veja como era clicando aqui..




O Castelo do Plácido, do qual só sobraram as "torres" ficava onde hoje está o prédio do Ceart: "o prédio atual dialoga melhor com o clima e as tradições da cidade. Nem tudo tem que ser preservado!", posiciona-se Gustavo.


A excenticidade de um prédio em formato de rádio, construído para abrigar... uma rádio (a Uirapuru). Hoje é a sede do Diretório Central dos Estudantes da UFC. O brega também pode ser simpático...




A Casa do Português (ou Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso) na Av. João Pessoa. Poucos adornos, denota um certo modernismo muquirana...


Na coqueluche do automóvel dos anos 1940/1950, o estacionamento ficava no alto, superior às habitações dos seus donos

"O problema da arquitetura de Fortaleza é o cliente", disse o mediador numa citação atribuída ao humorista Falcão (que também é arquiteto). O público, contudo, indagou de Gustavo sobre a responsabilidade de seus colegas profissionais nas contruções de gosto duvidoso...

A Igreja de Fátima, chamada (maldosamente?) por alguns de boate de Fátima, por conta do neón extravagante.

Por fim, um monumento (ao mau gosto). A estátua estrábica e desproporcional de Nossa Senhora de Fátima, que recebe multidões de fortalezenses nos dias 13 de maio - e chega de kitsch!


3 comentários:

Anônimo disse...

Foi um agradável passeio e muito esclarecedor! Parabenizo o Gustavo, que deu novamente um show de aula. Aposto que ninguém olhará a catedral com os mesmos olhos. aposto todos levaram uma cidade diferente pra casa.

Gustavo Costa disse...

Parabéns à Mediação de Saberes e ao Centro Cultural pela iniciativa!

Eduardo moretti disse...

Me pergunto que tipo de "arquiteto" e "filósofo" diz que um monumento arquitetônico como o Palácio Plácido "não precisava ser preservado"? Que aquela tapera chamada Centro Luíza Távora "dialoga melhor com o clima e as tradições da cidade"? Na certa um com curso de arquitetura mal feito e filósofo de ocasião. Percurso melhor faria o senhor Gustavo de volta aos bancos de faculdade.