Religiosidade Afro-Brasileira: A Cidade Como Lugar de Culto
Nesse 10 de maio de 2008, nossos movimentos se realizaram em torno de símbolos e ritos presentes – alguns mais visíveis, outros sutis – no cotidiano de Fortaleza: culto a Iemanjá nas praias; culto às Almas Benditas e ao mestre Zé Pilintra no Cruzeiro do Cemitério são João Batista; comércio religioso do centro e de ervas no mercado São Sebastião; lugares de oferendas,como matas, estradas, encruzilhadas, praças e trilhos. A proposta foi observar como são estreitas as relações entre as vivências religiosas afro-brasileiras e o espaço urbano.
Para mediador do PerCurso, convidamos o pai-de-santo Cleudo Pinheiro de Andrade Junior (Pai Olutoji), babalorixá e babá egbé de candomblé, pesquisador e escritor, presidente do IAAGBA (Instituto de Articulação e Assessoria aos Grupos e Beneficiados Afro-cearenses).
Estiveram presentes a este percursos católicos, ateus, evangélicos, umbandistas. Em comum, o interesse pela cultura na cidade.
No extremo sul do cemitério, espaço dos mais pobres e dos indigentes, um pequeno espaço é mantido para devoção ao "Zé Pilintra".
Ladeando o "altar", pés de peão-roxo e espada-de-são jorge. Ou "Kosi ewe, kosi orixá": "sem folhas não há orixás"...
Cleudo fala da simbologia da luz e do uso coletivo das velas de 7 dias.
As velas de 7 dias são deixadas acesas no cemitério. Sua chama se presta às mais variadas devoções das pessoas que por ali passam, enquanto dura.
Vênus de Millus, no Passeio Público.
Resignificada como "pomba-gira", sacralizada por algumas das mulheres que trabalham com o mercado do sexo nas imediações, recebe entre as oferendas chocolates e bombons.
Para Cleudo Júnior, pedidos para adociar a vida de amor.
No final, o Babalorixá canta: "um abraço bem dado de bom coração é como uma benção, uma benção".
Participantes pegam corda e se abraçam na praça.
A música, a dança e abraço final marcam o encerramento do roteiro: "Como poderia acreditar num deus que não dança?" - Assim falou Zaratrusta, o Bárbaro.
Participantes "no clima", abraçando também a "Mãe-África" representada pelo baobá do Passeio Público.
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